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Acompanhe, abaixo, a matéria veiculada pela Folha de São Paulo neste domingo, 30 de setembro.
Conflitos acompanham progresso em Suape
Um dos principais complexos industrial e portuário do país, empreendimento tem disputas por terra e danos ambientais
Obras afetam ostras, caranguejos, camarões e mariscos, dizem biólogos; pescadores relatam perda de renda
FÁBIO GUIBU
"Onde havia árvores com até 10 m de altura, existem hoje bosques de arbustos, com 6 m de altura"
ENVIADO ESPECIAL A SUAPE (PE) CLEMENTE COELHO JÚNIOR professor da Universidade de PE Um dos mais modernos e importantes complexos industrial e portuário do país e há três décadas em operação, Suape (a 40 km de Recife) convive com problemas fundiários e ambientais. Em 13,5 mil hectares de área, cerca de 25 mil posseiros vivem em clima de tensão. Há conflitos judiciais sobre posse da terra e indenizações, além de focos de resistência. Suape promete retirar todos os posseiros nos próximos dez anos. A maioria perderá a terra, que a empresa diz pertencer a ela. Para especialistas ouvidos pela Folha, a rápida expansão industrial acelerou impactos sociais e ecológicos. No complexo, existem cem empresas em operação e outras 50 em instalação, que exigem constantes dragagens e novos desmatamentos. Em 2010, a Assembleia Legislativa aprovou projeto do governo autorizando o corte de 691 hectares de mata, o equivalente a quase três lagoas Rodrigo de Freitas. Pressionado, um ano depois Suape ampliou, de 48% para 59%, a sua área de preservação ambiental. O governo de Pernambuco diz que as empresas são obrigadas a recompor as áreas, mas um relatório de 2011 mostrou que, nos dez anos anteriores, só 1 dos 11 empreendimentos havia feito isso. HISTÓRICO Criado nos anos 1970, o porto opera desde 1983. O complexo foi erguido em uma área de estuários, entre os rios Massangana, Tatuoca, Ipojuca e Merepe. Especialista em mangues, o professor da UPE (Universidade de Pernambuco) e doutor em oceanografia biológica, Clemente Coelho Júnior, afirma que a construção das vias de acesso rompeu essa ligação natural entre os rios. "Onde havia árvores com até 10 m de altura e 30 cm de diâmetro, existem hoje bosques de arbustos, com, no máximo, 6 m de altura e 10 cm de diâmetro." A redução do fluxo de água, diz Coelho Jr., afetou também a fauna, especialmente ostras e caranguejos. Ainda durante a construção do porto, parte de uma linha de 8 km de formação rochosa no mar foi dinamitada, nos anos de 1980 e 1990. Para o professor da UPE Múcio Luiz Banja, especialista em recifes, mais graves são as dragagens periódicas. "O sedimento soterra os animais." O presidente da colônia de pescadores Z-8, Lailson Evangelista de Souza, 48, calcula que a pesca de lagosta na área do porto caiu 70% nos últimos anos e os mariscos também sumiram. O superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, José Telino Lacerda Neto, diz que não há como negar o impacto de Suape na pesca artesanal da região, mas afirma que a queda na produção não é um problema localizado.
Sobre a colônia de pescadores Z-8, o ministério quer agregar valor ao
peixe capturado por eles e melhorar a tecnologia das embarcações para
explorar novas espécies, como o atum.
Ex-posseiros vão à Justiça contra cessão de terreno
DO ENVIADO A SUAPE (PE)
Há quatro meses, o agricultor Luis Abílio da Silva, 82, e sua mulher,
Maria Luiza, 92, foram retirados de casa por ordem da Justiça e viram o
lugar onde moravam ser destruído por um trator e marretas, numa ação de
reintegração de posse.
Chovia, e a filha do casal Cleonice, 36, que também morava no local,
protegia com uma sombrinha a sua caçula, Letícia, à época com duas
semanas de vida.
No mesmo dia, mais quatro casas e uma capela ruíram no terreno de dez hectares do engenho Tiriri, onde 22 integrantes da família Silva e amigos viviam como posseiros havia 50 anos. "Tiraram nossas coisas, engancharam a corda no trator e puxaram as paredes", afirmou o agricultor. "Primeiro foi a capela, depois a casa." A família foi indenizada em R$ 48 mil pelas benfeitorias, mas não pelo terreno. Como outros posseiros, devem ir à Justiça. Segundo a advogada dos Silva, Conceição Lacerda, a terra onde a família vivia foi vendida "de forma irregular" para Suape pela Cooperativa Agrícola do Tiriri. A cooperativa, disse, recebeu do governo militar títulos de propriedade de sete engenhos para assentar seus filiados, mas os vendeu em 1980. Uma cláusula proibia a destinação da terra para outros fins, diz a advogada, que pedirá à Justiça a nulidade da cessão dos engenhos à cooperativa. O presidente de Suape, Frederico Amancio, nega irregularidades e diz que a Justiça autorizou as reintegrações de posse e as indenizações.
Outro lado
Presidente diz que homem, e não indústria, degradou região
DO ENVIADO A SUAPE (PE)A área destinada às indústrias em Suape está perto de seu limite e, segundo o presidente da empresa, Frederico Amancio, uma grande expansão como a dos últimos anos não acontecerá novamente. Amancio disse que Suape quitou seu passivo ambiental e negou que as indústrias sejam o principal fator de degradação ecológica. "Foi a ação do próprio homem." Folha - Um relatório de 2011 mostrou que, em dez anos, só 1 de 11 empresas com acordos de compensação ambiental cumpriu seu compromisso. Frederico Amâncio* - Suape quitou seu passivo ambiental. Replantamos 240 hectares de Mata Atlântica. Ampliamos a área de preservação, de 48% para 59% do total. Sem medo de errar, Suape é o complexo industrial e o porto mais verdes do mundo. Qual o impacto ambiental das indústrias em Suape? As pessoas acham que o principal fator de degradação ambiental em Suape são as indústrias, mas não é verdade. Na realidade, foi a ação do próprio homem, de posseiros, de invasores, do plantio da cana-de-açúcar. Indústrias não desmataram? O desmatamento se deu por um processo histórico. Suape é uma composição de mais de 20 engenhos desapropriados. Os posseiros reclamam que estão sendo expulsos de suas próprias terras. Temos dentro do complexo 6.800 famílias, 25 mil posseiros. Em dez anos, vamos retirar todos. Alguns são antigos, mas estão em áreas de preservação ecológica. Eles são, sim, fatores de degradação ecológica, porque retiram a vegetação natural. Os posseiros também reclamam dos valores das indenizações. Suape não decide valor. Seguimos regras. Eles criaram a expectativa de receber pela área e, por questão legal, pagamos pelas benfeitorias. Especialistas apontam as dragagens e a construção de um dique no rio Tatuoca como prejudiciais ao ambiente e à pesca em Suape. Os planos de dragagens são aprovados pelo órgão ambiental. Discutimos projetos para recuperar a pesca artesanal na região, mas não é um problema local. A atividade passa por um processo difícil no Estado. Suape está no limite? Não vamos ter mais uma expansão muito grande dos projetos industriais. É uma estratégia que o desenvolvimento comece a ser descentralizado para o litoral norte. |
Este é um espaço de divulgação das ações do Núcleo de Diversidade e Identidades Sociais/UPE e objetiva fortalecer a rede de colaboradores. Constitui também uma forma de democratizar as informações que possam fortalecer o direito à diversidade social e à livre expressão das identidades, assegurando os princípios humanísticos e sociais da relação entre a universidade e a sociedade.
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domingo, 30 de setembro de 2012
Conflitos acompanham progresso em Suape
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Seminário Polos de Desenvolvimento de Pernambuco
Mesa de abertura do seminário
O evento acontece até amanhã na Faculdade de Administração de Pernambuco da UPE e discutirá o tema relaciomado às áreas de educação, trabalho, habitação, saúde, segurança, cultura e lazer.
Clicando aqui você pode ver a programação completa do seminário.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
O impacto de Suape na Saúde do Trabalhador
Começa amanhã, 26/09, oseminário "Polos de Desenvolvimento de Pernambuco: impactos e inovações sociais" que o NDIS está promovendo. O seminário é aberto e acontecerá no auditório da Faculdade de Ciências da Administração da UPE (Fcap), que fica na Av. Sport Clube do Recife, 252 – madalena, das 8h30 às 18h (26 e 27 de setembro).
Recomendamos a leitura do artigo O impacto da cadeia de petróleo de Suape na saúde do trabalhador, publicado pela Revista Coletiva, da FUNDAJ. Trata-se de um dos temas a ser discutido no evento.
Outras informações através do telefone: 3183-3674.
Clicando aqui você pode ver a programação completa do seminário.
domingo, 23 de setembro de 2012
Polos de Desenvolvimento e Inovação Social
Faltam 3 dias para o seminário "Polos de
Desenvolvimento de Pernambuco: impactos e inovações sociais" que o NDIS está promovendo.
Instigando nossa reflexão sobre o tema, disponibilizamos uma entrevista de Sílvio Meira, do Porto Digital de Recife, concedida à revistaComCiência. Como o destaque do seminário é também a inovação social, a entrevista mostra como, com apenas dez
anos de existência, o Porto Digital é referência em tecnologia da informação.
Confira a entrevista no link abaixo:
Atenção: O seminário é aberto e acontecerá no auditório da Faculdade de Ciências da Administração da UPE (Fcap), que
fica na Av. Sport Clube do Recife, 252 – madalena, das 8h30 às 18h (26 e 27 de setembro).
Outras informações através do telefone: 3183-3674.
Clicando aqui você pode ver a programação completa do seminário.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
MEGAEVENTOS ESPORTIVOS
Faltam 5 dias para o seminário "Polos de Desenvolvimento de Pernambuco: impactos e inovações sociais" que o NDIS está promovendo (ver postagens anteriores).
No intuito de já ir criando um ambiente de reflexão e discussão, indicamos a leitura do último número da Revista Coletiva que trata dos megaeventos.
Nos próximos seis anos, o Brasil sediará os dois mais importantes megaeventos esportivos mundiais. A Copa do Mundo da FIFA 2014 e as Olimpíadas do Rio 2016. É hora de analisar seus impactos sociais, econômicos, políticos e ambientais.
Acesse:
http://www.coletiva.org/site/
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Seminário "Polos de Desenvolvimento de Pernambuco: impactos e inovações sociais"
O Núcleo de Diversidade e Identidades Sociais da Universidade de
Pernambuco (NDIS/UPE) promove, nos próximos dias 26 e 27/09, o seminário
"Polos de Desenvolvimento de Pernambuco: impactos e inovações sociais".
O encontro, que é gratuito e aberto ao público, tem o objetivo de
aprofundar as discussões e reflexões já realizadas em seminários
anteriores promovidos pelo núcleo, que abordaram temas como: "A UPE e o
desenvolvimento do Estado de Pernambuco" e "A sustentabilidade social
integrada no desenvolvimento de Pernambuco: saberes e demandas sobre
impactos dos polos de suape e zona da mata norte".
O seminário sera realizado no auditório da Faculdade de Ciências da
Administração da UPE (Fcap), que fica na Av. Sport Clube do Recife, 252 –
madalena, das 8h30 às 18h. Outras informações através do telefone:
81-3183-3674.
Para acessar o folder:
http://www.upe.br/portal/images/stories/folder_ndis.pdf
http://www.upe.br/portal/images/stories/folder_ndis.pdf
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
V Salão Universitário de Arte Contemporânea
O Salão Universitário de Arte Contemporânea
(V UNICO) está com inscrições abertas para artistas universitários de
quaisquer faculdades e cursos de Pernambuco. Conforme edital, qualquer
unidade do Sesc, no interior ou capital, poderá
receber as inscrições até o dia 28 de setembro. Os envelopes com as
inscrições deverão ser enviados via malote até o dia 01 de outubro e
deverão ser endereçados à Sede/DEC/Cultura, aos cuidados de Valkiria
Dias, assunto: V UNICO/inscrições.
Informações: (81)
3216-1629.
domingo, 9 de setembro de 2012
III Festival Mundial da Paz
O III Festival Mundial da Paz é um evento global, sistêmico, multicultural, descentralizado e integrador.
É realizado por voluntários que compartilham gratuitamente suas experiências e saberes em prol da causa da paz.
Ocorre
a cada 3 anos visando a promoção, a partilha e a vivência de valores e
experiência de cultura de paz entre diversos agentes, instituições e
indivíduos dedicados ao desenvolvimento e difusão desta causa.
É promovido pela Rede UNIPAZ e
mais de duas centenas de entidades parceiras, tais como, organizações
governamentais e não governamentais, entidades de classe, grupos e
congregações religiosas, segmento acadêmico, clubes e redes de serviços,
entidades promotoras de cultura de paz, defesa de direitos humanos,
ecologia e educação, entre outras.
Em
sua terceira edição pretende reunir cerca de 200.000 participantes e
contar com manifestações de paz em todas as nações do planeta.
É gratuito e sem fins lucrativos.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Cartografia e Pesquisa Social
Fundação Joaquim Nabuco, Recife-PE
15 a 17 de outubro de 2012
A produção de estudos e práticas envolvendo a espacialização de questões sociais encontra-se amplamente difundida, em especial a partir da popularização de técnicas de localização por satélite e de geoprocessamento, e da internet. Ao mesmo tempo em que tais tecnologias aumentam o poder de controle e vigilância, permitem também diversas formas de apropriação em termos de mobilização social.
Os mapas e mapeamentos, em suas mais diversas formas têm, portanto, sido cada vez mais usados no cotidiano dos conflitos e das pesquisas sociais. Isto coloca em relação direta a epistemologia da espacialização (presente nas teorias e práticas geográficas e cartográficas) com o campo onde interagem pesquisadores da área de ciências humanas e uma diversidade degrupos sociais. Este seminário pretende por em debate diferentes perspectivas sobre as relações entre a cartografia, as ciências humanas e formas não acadêmicas de produção de conhecimento, em especial aquelas ligadas a processos de transformação social.
Maiores detalhes:
http://www.fundaj.gov.br/outrosmapas
15 a 17 de outubro de 2012
A produção de estudos e práticas envolvendo a espacialização de questões sociais encontra-se amplamente difundida, em especial a partir da popularização de técnicas de localização por satélite e de geoprocessamento, e da internet. Ao mesmo tempo em que tais tecnologias aumentam o poder de controle e vigilância, permitem também diversas formas de apropriação em termos de mobilização social.
Os mapas e mapeamentos, em suas mais diversas formas têm, portanto, sido cada vez mais usados no cotidiano dos conflitos e das pesquisas sociais. Isto coloca em relação direta a epistemologia da espacialização (presente nas teorias e práticas geográficas e cartográficas) com o campo onde interagem pesquisadores da área de ciências humanas e uma diversidade degrupos sociais. Este seminário pretende por em debate diferentes perspectivas sobre as relações entre a cartografia, as ciências humanas e formas não acadêmicas de produção de conhecimento, em especial aquelas ligadas a processos de transformação social.
Maiores detalhes:
http://www.fundaj.gov.br/outrosmapas
Sinagoga de Recife e a Rota Judaica em Pernambuco
Published on Aug 25, 2012 by Fundação Artistico Cultural Iberoamericana
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